Eu já participei de vários processos para o desenvolvimento de estratégias corporativas e também de várias discussões sobre estratégias adotadas por empresas. É comum vermos os profissionais mais focados no processo de desenvolvimento da estratégia e suas ferramentas do que nos princípios básicos da mesma, o que me levou a escrever este artigo.

 

O ambiente competitivo que vivemos faz com que as empresas procurem alcançar um crescimento sustentável acima, ou pelo menos comparável a seus concorrentes diretos. Um crescimento abaixo dos concorrentes mais relevantes no setor significa perda de participação de mercado, consequentemente de escala da habilidade de atrair e manter talentos, de investir etc, podendo levar a um ciclo que se auto alimenta.

 

As empresas sempre têm recursos (financeiros, humanos, capacidade instalada, etc.) limitados e na maior parte dos casos insuficientes para atender todas as iniciativas desejáveis. Portanto precisam decidir quais iniciativas serão desenvolvidas e quais serão postergadas ou simplesmente abandonadas. A decisão de onde investir para se obter o melhor retorno sustentável possível é o conceito chave de uma estratégia.

 

Estratégias bem sucedidas são evidenciadas pelo crescimento sustentável, constante e acima dos concorrentes do setor, melhorando a posição relativa das empresas dentro do segmento que atuam.

 

O termo sustentável é vital nesta abordagem. Obter um crescimento por um período curto não e muito difícil, desafiador é manter este crescimento acima dos concorrentes por um longo período de tempo, sustentado por iniciativas entrelaçadas e coerentes que constituem a estratégia.

 

A tecnologia da informação, big data e ferramentas de comunicação de massa tornam o desafio estratégico extremamente árduo. As estratégias utilizadas quinze anos atrás, se tornariam hoje de conhecimentos dos concorrentes  rapidamente e seriam entendidas, copiadas e melhoradas pelos mesmos em questão de meses, portanto não poderiam ser consideradas como bem sucedidas.

 

Existem várias ferramentas para o desenvolvimento de uma estratégia, podemos citar as metodologias desenvolvidas por  Coimbatore Prahalad, Michael Porter, Arnold Hax e seus grupos de trabalho.

 

A metodologia desenvolvida por C. Prahalad foca no fator humano, tanto dos consumidores quanto dos colaboradores das empresas que com seu conhecimento geram fatores que tornam únicas as suas capabilidades, podendo gerar diferenciação e alavancas de crescimento.

 

A metodologia desenvolvida por M. Porter foca nas forças de mercado e de certa forma advoga um darwinismo empresarial em que a empresa detentora de uma posição dominante, em uma ou mais dessas forças de mercado, poderia assumir uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes.

 

A metodologia desenvolvida por A. Hax foca essencialmente em criar uma rede de complementadores de modo a permitir uma oferta não apenas do produto, mas de uma matriz de produtos e serviços que seja única e de difícil replicação, tornando o custo de substituição proibitivo para os clientes.

 

Recentemente muitas empresas estão utilizando a metodologia ‟Canvas”, que por si só não é uma metodologia para desenvolvimento de uma estratégia, mas uma ferramenta efetiva para a visualização e comunicação de uma estratégia desenvolvida utilizando-se de outras metodologias

 

Existem vários exemplos de estratégias bem e mal sucedidas desenvolvidas com todas as metodologias mencionadas. O sucesso de uma estratégia está no entendimento dos elementos que possam, para cada empresa em particular, levar a um crescimento sustentável por um longo período de tempo preferencialmente acima do mercado e dos principais concorrentes.

 

A identificação destes Drivers de Crescimento sem se deixar levar pelo formalismo inerente a qualquer que seja a metodologia adotada pela empresa, exige profissionais experientes na condução do processo.  

 

É comum vermos estratégias com inúmeras iniciativas não relacionadas ao foco principal e que, portanto, geram movimento na empresa mas não abordam com o foco necessário os poucos itens que de fato levariam ao crescimento sustentável a níveis aceitáveis.

 

Também é comum encontrarmos estratégias sem a identificação clara dos recursos necessários para sua implementação e prazos associados, e que consequentemente não resistem a sedução das tarefas rotineiras.

 

O resultado são estratégias que não são implementadas adequadamente e dessa maneira não conduzem a empresa aos resultados necessários e esperados.