Empresas Gerando ou Destruindo Valor Para os Sócios
Este é um tema complexo que transcende a analise técnica, não que esta não seja relevante, muito pelo contrário, mas também existem aspectos pessoais dos sócios que desempenham um papel importante nesta percepção principalmente em empresas familiares.
Criar uma empresa de sucesso no Brasil é uma tarefa para poucos, exige muita luta, esforço e sacrifícios pessoais, e porque não sorte. A dificuldade na captação de recursos, juros altos, ambiente tributário complexo e caro, concorrência desleal de empresas que atuam na informalidade, legislação trabalhista que apesar de melhorada recentemente ainda impõe desvantagens competitivas até mesmo em relação a alguns de nossos vizinhos no Mercosul, volatilidade da economia aonde crises e períodos de bonança se sucedem são algumas das dificuldades comumente enfrentadas.
Toda esta luta e esforço criam vínculos emocionais muito fortes com a empresa e também com os seus funcionários, fatos louváveis mas que podem distorcer a percepção dos sócios. Estes sócios além do seu esforço e dedicação pessoais investiram recursos financeiros ao longo do tempo, e estes recursos devem ser remunerados adequadamente.
A remuneração adequada dos recursos investidos pode ser determinada tecnicamente considerando a taxa de retorno de investimentos com risco praticamente zero somada a uma outra taxa para compensar o risco inerente a cada negócio.
Podemos considerar os papéis do Tesouro Direto como papéis de risco praticamente zero que oferecem por volta de 5% mais IPCA ou 9% pré fixados ao ano.
Existem varias metodologias para se definir a taxa de risco de um negocio mas não gostaria de me alongar neste tema árido, apenas como exemplo vou citar o risco Brasil que está em cerca de 230 pontos básicos, na data de publicação deste artigo, ou seja se tivermos duas empresas idênticas uma no Brasil e outra nos EUA a empresa no Brasil deveria apresentar uma taxa de retorno 2,3% maior que a empresa nos EUA para compensar a diferença do risco dos dois países,
Da mesma maneira poderemos ter a taxa de risco para vários segmentos de negócios e dentro do segmento poderemos ter o risco específico de cada empresa.
Os bancos quando calculam o rating da empresa para concessão de crédito estão calculando o risco da empresa que vai ser refletido na taxa de juros cobrada para remunerar o risco assumido pelo banco ao emprestar para aquela determinada empresa. Desta forma empresas que apresentam perfis de risco diferentes pagarão taxas diferentes para o mesmo empréstimo.
Vamos imaginar que tenhamos uma taxa de risco para uma dada empresa de 5% ao ano, neste caso o retorno mínimo para o sócio deveria ser de 9% + 5% ou seja 14% ao ano (retorno do investimento com risco quase zero mais o risco do negócio)
Quantos sócios já calcularam o seu investimento total na empresa e verificaram se estão obtendo um rendimento que remunere adequadamente o seu capital?
Quantos sócios já se perguntaram o que seria melhor, manter o rendimento obtido pela empresa assumindo o risco inerente a atividade ou investir no mercado financeiro ou ainda em outras empresas.
Este tipo de análise comparando a remuneração oferecida pela empresa com rendimento oferecido por investimentos alternativos é fundamental para a tomada de decisão sobre o patrimônio individual do sócio e em última análise para o crescimento e perpetuação de sua riqueza.
Empresas que oferecem um rendimento inferior ao mínimo aceitável podem estar com um desempenho abaixo de seu potencial e exigem uma decisão firme para definir rotas que possam reconduzi-las a uma rentabilidade adequada de modo a garantir uma remuneração aceitável sobre os investimentos dos sócios assim como a sua sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo.
Outra alternativa é a venda da empresa antecipando para o sócio do fluxo de caixa futuro permitindo o reposicionamento dos investimentos em novos empreendimentos com uma remuneração adequada.
Tanto a recuperação da empresa quanto a sua venda para reposicionamento dos investimentos em ultima análise são iniciativas que visam a preservação do patrimônio e da riqueza dos sócios.